Competitividade, inovação e conhecimento são palavras chaves em
qualquer grande empresa hoje, principalmente nos setores de RH ou de
gestão de pessoas. Imagina a cena, um grupo de gestores de recursos
humanos em uma grande mesa redonda discutindo as novas tendências em
gestão de pessoas, e o quanto o processo de gestão do conhecimento e
inovação pode ampliar suas fronteiras de negócios e melhores resultados.
O encontro se dá em um momento onde o mundo sofre de um crise
internacional, os mercados se movimentam, e o Brasil se torna a “bola da
vez” para o comércio e principalmente para os investimentos
estratégicos do século XXI, ou até para muitos um grande porto seguro
(tendência).
Na mesa um gestor chinês, um sul coreano, um indiano, um russo, um angolano, um americano, um alemão e claro, ele o brasileiro.
Cada um expondo seus pontos de vista e ao mesmo tempo apresentando as
preocupações para os próximos 10 anos. Claro que no momento de
iniciativas o americano disparou, “nossas tendências estão em expandir o
processo de inovação, sem necessariamente criar algo novo, mas
extrapolar o que já foi criado. Idéias, ou invenções somente Deus, nós
americanos inovamos a própria natureza. O profissional de hoje deve ter a
capacidade de criar em cima do já criado, e conseguir diferenciar com
foco em lucro intenso”.
Nesta hora o chinês provocou: “Na China hoje o capital intelectual é
produzido com um claro objetivo, ter alta capacidade de gerar riqueza,
mesmo que muito disto seja absorvido ou conquistado nas melhores escolas
nos Estados Unidos e Europa, e também entendendo que existem regiões
estratégicas como Brasil e África que precisamos conhecer profundamente
suas culturas, valores e formas de negociação, inclusive suas línguas. E
inovar para nós vai muito além….”.
Entre preocupações de crescimento econômico e rivalidade comercial, o
sul coreano se posicionou: “para nós o profissional tem que ter uma
visão global, e com muita capacidade de inovar, mas principalmente em
ter uma bagagem cultural e acadêmica forte para criar valor agregado, e
entender que nossa riqueza cultural se mostrará ao mundo por nossa
inteligência e capacidade de gerar e gerir conhecimento”.
O interessante da conversa está na intensidade da competitividade
entre os países, principalmente na agressividade comercial e a luta
entre ocidente e oriente por um lugar ao Sol. E neste ponto para um
ponto de Minerva surge o alemão, que sua postura firme e rígida
extrapola: “nós gestores devemos pensar na capacidade produtiva do
profissional, e o quanto o conhecimento pode aumentar a mesma, e
principalmente em envolver este conhecimento em alta tecnologia, a mesma
que mostramos durante anos, o nosso padrão de qualidade alemão,
rigoroso e principalmente eficaz.” Depois do rigor alemão, o russo não
perdeu tempo: “o BRIC será um dos grande movimentos diferenciais para
este novo século em Rússia, e principalmente em trazer para o
profissional russo novas direções competitivas, e o quanto nossa
capacidade de liderança e geração de novos conhecimentos são frutos
intensos para visão de uma nova Rússia, oriental e ocidental”.
Depois de tanto alarde competitivo, visão forte sobre inovação e
conhecimento, o indiano com sua naturalidade, entre calma e visão
agressiva falou: “inteligência é nosso foco. Gerar criatividade a partir
de um foco, e usar nossas fraquezas do passado para estimular o quanto a
Índia pode mostrar ao mundo suas fortalezas, e principalmente o foco em
engenharias e principalmente em tecnologia”. A partir daí, depois de
tantas visões, especulações e foco em inovar, crescer e competir, o
angolano dispara suas angústias: “hoje nosso país cresce de forma
intensa, mas com um grande problema a falta de mão de obra básica e
principalmente qualificada para liderar as empresas que farão uma nova
Angola. Uma Angola com riquezas naturais e necessidades intensas. O país
precisa de líderes empresariais, e busca hoje no mundo profissionais
que possam contribuir com este crescimento, e principalmente em formar o
povo angolano para um novo desenvolvimento intelectual, e com foco em
desenvolvimento para depois inovar”.
Depois de observar tudo, o brasileiro com sua visão cosmopolita,
alegre e descontraída foi categórico: “em nosso país sonhamos um dia que
os tributos serão reduzidos, que o governo apresentará um política
clara e forte de investimentos em educação e que o apagão de talentos
que o Brasil vive hoje será coisa do passado. Hoje o grande desafio de
um gestor de recursos humanos no Brasil é ter a capacidade de encontrar e
potencializar conhecimentos dentro das organizações. Em enxergar
líderes e multiplicadores de conhecimento, que possam inovar e
principalmente em desenvolver uma nova forma de gerar conhecimento
produtivo, conhecimento que agrega valor, o mesmo que tira o Brasil de
uma plataforma de commodities para uma plataforma de alta tecnologia. O
desafio do gestor é mobilizar para a transformação, e entender que o que
está acontecendo com o Brasil hoje poderá ser a grande transformação do
mundo nos próximos 20 anos. O profissional de recursos humanos tem pela
frente entender o que o pré-sal e toda a nova riqueza brasileira
significam para o mundo, e visualizar que as empresas “estrangeiras”
querem profissionais altamente qualificados, e com uma visão e vontade
de transformar, de mudar e principalmente de vencer. O Brasil para todos
vocês profissionais de RH’s do mundo é uma escolha estratégica e sem
volta, e nós no Brasil para os próximos 10 anos devemos estar atentos ao
que a competitividade mundial nos cobra. Espero que os próximos anos
possamos produzir um número maior de intelectuais produtivos, de novos
engenheiros, e principalmente de profissionais inovadores que mostram
que o capital intelectual produtivo do Brasil de uma vez por todas gera
valor agregado para a chamada marca Brasil”.
Todos olharam para o brasileiro e foram categóricos: “é a vez do
Brasil, mas será que o Brasil já enxergou isso?”. Tributos e educação
não combinam, mas será que o Brasil enquanto Nação já se apercebeu que
muitas empresas brasileiras e multinacionais sofrem em contratar todos
os dias mão de obra qualificada? São diversas posições de trabalho no
Brasil que hoje são ocupadas por estrangeiros. E muitos brasileiros que
reclamam que não conseguem uma nova posição, ainda não foram desenvolver
suas principais capacidades, inteligência e criatividade.
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