A adoção de políticas de recursos humanos em micro e pequenas
empresas (MPEs) é muitas vezes vista com resistência pelo empresário.
A falta de conhecimento e de recursos estão entre as causas. Nesse
assunto, poucas vão além do básico, como folha de pagamento, demissão e
contratação.
Segundo Celso Bazzola, sócio-diretor da Bazz Estratégia e Operação de
RH, empresa que dá consultoria para MPEs, o grande desafio é fazer o
pequeno empreendedor enxergar essas políticas como investimento, não
como custo. "Eles acham que é coisa para empresa grande e só dão
importância quando começam a perder talentos."
A atração e retenção de bons profissionais estão entre os principais
motivos para uma empresa ficar atenta à gestão de pessoas. Isso porque o
custo da rotatividade de funcionários é muito alto.
CRIATIVIDADE
Por outro lado, boas práticas de gestão nem sempre precisam de grandes
investimentos. Em alguns casos, basta um pouco de criatividade. Foi o
que percebeu a direção de uma pequena metalúrgica carioca, a Maemfe.
Desde 2004, a empresa vem implementando ações no intuito de melhorar os
níveis de satisfação. "São ações simples, mas que têm trazido ótimos
resultados", disse Marcos Paulo Dinis Ano Bom, diretor da empresa.
Ano Bom cita como exemplo o programa Bom Dia Maemfe, que mensalmente
reúne os funcionários para um café da manhã oferecido pela empresa.
"Nessas ocasiões, a diretoria faz um relatório resumido dos números
recentes e fala sobre os planos."
A transparência na relação entre direção e funcionários trouxe
resultados. Conforme relata o diretor, na pesquisa de clima que a
empresa realiza entre seus colaboradores, o nível de satisfação médio
constatado tem sido de 7 pontos - em uma escala de 0 a 10.
"Hoje o funcionário se sente parte do negócio e acredita na empresa."
NOVA MENTALIDADE
Mesmo com resistências, a mentalidade do pequeno empresário sobre gestão de pessoas vem mudando.
O problema é conseguir agir em meio a tantas prioridades urgentes. É o
que afirma Carlos Silva, Membro do Conselho Deliberativo da ABRH-SP
(Associação Brasileira de Recursos Humanos) e sócio-diretor da Lesap
Consultoria Empresarial.
"Os pequenos empresários estão sempre apagando incêndios, tentando
manter o negócio funcionando. Eles nem sempre têm tempo de pensar em
RH", afirma Silva.
Ele reforça, porém, que a partir de dez funcionários toda empresa
deveria ter políticas de recursos humanos. "Caso contrário, o empresário
estará só 'treinando' o funcionário para outra empresa, pois, na
primeira oportunidade, ele troca de emprego."
Silva enfatiza que o mercado está sempre em busca de bons profissionais e
que o pequeno empreendedor tem de aprender a valorizá-lo. "Quando um
trabalhador fica insatisfeito é como se estivesse no mercado. Está
sempre à procura de um emprego melhor."
Folha
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